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Voltando a falar sobre o tema “Superman”
Clark é o disfarce? Ou o Super? Ou ambos fazem parte de uma mesma personalidade?Nos filmes do Superman, na minha opinião, fica bem claro que o Clark (Clark Joseph Kent - alguns quadrinhos colocam Jeromi ao invés de Joseph) é a identidade secreta, um disfarce do “Super” (Kal-el), que era a sua personalidade verdadeira.Sua roupa também não foge o padrão da tonalidade da roupa de super-herói: terno azul e gravata vermelha.No filme “ Kill Bill 2”Bill (David Carradine) faz a seguinte observação:"o Super-Homem não se transformou em Super-Homem, ele já nasceu assim. Seu alter ego é Clark Kent. O que Clark veste, os óculos e as roupas de trabalho, aquele é o seu uniforme, é o que o Super-Homem usa para misturar-se conosco. Clark Kent é como Superman nos vê. O diálogo redigido pelo diretor Quentin Tarantino foi inspirado por uma tese escrita por Jules Feiffer em seu livro "The Great Comic Book Heroes"(1965). Super-Homem mantinha uma identidade pública como Clark Kent, um "tímido e recatado" repórter de jornal, o estereótipo de um homem fraco, quase um covarde escondido atrás de óculos, apaixonado mas incapaz de tomar uma atitude ativa em relação a Lois Lane, a mulher dos seus sonhos.Feiffer escreveu a primeira história crítica dos quadrinhos de super-heróis do final dos anos 30 e começo dos 40. Segue a excelente observação de Feiffer, um dos maiores cartunistas Americanos ( assistente de Will Eisner): “não era Clark Kent quem usava o uniforme de Super-Homem, e sim o super-herói quem se fantasiava sob os trajes de um jornalista tímido e medroso. Quanto à suposta visão crítica que o Superman teria sobre a raça humana, duvido sinceramente que esse baluarte da América fosse capaz de ter um olhar tão cínico a nosso respeito, por mais verdadeiro que possa ser.”Ele se mostra fraco, inseguro, aparentando quase um covarde. Clark Kent é a visão que o Super-Homem possui da raça humana.Feiffer vê o Super-Homem como "a fantasia máxima da assimilação", sugerindo que o êxito de Siegel foi "transformar em crônica o ‘sonho americano’.
Na série Smallville é o contrário: Clark é a verdadeira personalidade.
Pode-se também encarar como Clark, (o adolescente), sendo o disfarce, já que Kal –El é a essência kriptoniana do Clark fazendeiro. Nos episódios com Alicia (uma namorada que aparece na terceira e quarta temporada) Clark diz para sua mãe que é apenas com ela que ele pode ser natural, podendo mostrar quem ele realmente é, porque ela sabe de seus super-poderes.
Na verdade, Clark Kent é a uma criação do Jovem Kal- El, uma camuflagem que tem o objetivo de não revelar para as pessoas suas as características individuais. É uma necessidade de proteção e privacidade
Ele sente que o Clark adolescente é uma máscara, é o disfarce, que busca ocultar e proteger, porque ele finge ser desajeitado, tímido, atrapalhado... Justamente para que ninguém faça conexões dele com o “Super”, que é naturalmente imponente e um ser a caminho de se tornar perfeito.
Ou podemos encarar como nem Super-Homem e tão pouco Clark, são o disfarce. Ambos são os extremos da mesma de uma dupla personalidade.
Como disse Ghandi: "Sou coerente com a verdade e, como a verdade muda, reservo-me o direito de ser incoerente".
Todas as pessoas tem esses dois lados dentro de si, um real outro ilusório:O lado “Clark” é o seu lado da pessoa comum, enquanto o lado “Super” é a projeção do que todo homem deseja ser: alguém capaz de voar, interceptar balas, romper as barreiras da realidade e das incapacidades que envolvem a todos.
Na série Smallville temos como exemplo o Episódio que o Clark Kent recebe uma ligação do futuro simboliza esse poder do Super-Homem, pois consegue realizar o que todas as pessoas já desejaram: a possibilidade de fazer voltar uma oportunidade perdida (a de salvar a Lana Lang da morte, pelo tiro de Adam Knight no episódio Crisis).
Não é a toda hora que Clark Kent pode manifestar seus sentimentos, o que acaba por tornar a máscara útil para a convivência.
Mas nem sempre Clark gosta de se manter no anonimato. Muitas vezes já ficou tentado em se revelar e poder assumir publicamente quem ele realmente é. Isso já foi mostrado tanto nos filmes de Christopher Reeve, NO AUTUAL Superman Returns e no seriado Smallville.
Assim como em um baile de carnaval, sempre há o momento em que as máscaras caem. Cedo ou tarde, nossas verdades serão reveladas e nossos verdadeiros rostos serão mostrados. Nesses momentos que a identidade Clark Kent é descoberta ele sempre leva a pior. Mas não é só o super herói quem apanha, Clark também apanha, e muito, mas do destino, com suas incertezas quanto a assumir ou não seu verdadeiro “Eu”.
Resta saber de quem será a iniciativa, se Clark irá se revelar espontaneamente ou se ele será descoberto por seus arqui-inimigos...
Os super-heróis, ícones do inconsciente coletivo da sociedade, sempre andam disfarçados. O propósito deles talvez seja o mais nobre, pois os super-heróis têm a missão de salvar os inocentes. Não poderiam, portanto, arriscar sua identidade e comprometer uma causa maior. O super-herói, com o Super-Homem, é um marco e para muita gente seu début marca o começo da Era de Ouro na história dos quadrinhos, um arquétipo perfeito, o modelo para uma série de personagens e um dos mais perfeitos mitos das eras modernas. Rejeitado pelos grandes jornais, o Super-Homem encontrou seu lugar nas páginas de uma novidade da época: as revistas em quadrinhos."Do mesmo modo que os atores põem uma máscara, para que a vergonha não se reflita nos seus rostos, assim entro eu no teatro do mundo - emascarado." (René Descartes)
Retratando literalmente a necessidade de se ocultar, não poderia deixar de citar o filme “O Máskara”. Dos quadrinhos para o cinema, o personagem Stanley Ipkiss acha no mar a máscara de Loki, um deus escandinavo. Com a máscara, Stanley possui a coragem para fazer coisas mais arriscadas e divertidas. De tímido e desajeitado, ele passa a fazer tudo o que antes não tinha coragem, além de ganhar poderes sobre-humanos.
O Eneagrama como uma "máscara" das personalidades humanas
Um estudo que chama a atenção é o Eneagrama . O conhecimento é uma "sabedoria milenar" que tem aproximadamente 4.500 anos, claro que ela não era tão detalhada como passou a ser nos últimos cinqüenta anos. Sua origem é desconhecida, mas propõe um profundo conhecimento de si mesmo. A teoria divide em nove as máscaras, ou personalidades, humanas (do Grego: Enea = nove; grama= traço, ponto).
Foi introduzido no Ocidente por Gurdjieff: “ É um grande erro acreditar que o ser humano se mantêm uma unidade constante. Ele muda continuamente; é raro que permaneça o mesmo por uma única hora sequer.”
De acordo com esse estudo, a personalidade funciona como uma máscara invisível, uma casca que criamos para nos adaptarmos ao meio social. É um mapeamento dos tipos psicológicos básicos do ser humano e suas principais motivações. Temos todos um pouco de cada uma delas, dependendo da situação. Porém, cada um de nós escolheu e desenvolveu uma delas:
O Juiz tem no eixo oposto o excesso que gera Ira: Ela nasce da busca da perfeição
O assistente tem no eixo oposto o Orgulho: nasce do esquecimento das nossas necessidades. Queremos ajudar.
O narcisista tem no eixo oposto a Vaidade: ela Nasce do desejo de sermos admirados pelo que fazemos
O artista tem no eixo oposto a Inveja: percebemos a beleza nas outras pessoas e não conseguimos perceber a nossa.
O observador tem no eixo oposto a Avareza: temos medo de perder o que temos e ficarmos vazios.
O herói tem no eixo oposto o Medo: percebemos o mundo como um lugar cheio de perigos e de conspirações
O oportunista tem no eixo oposto a Gula: Nasce do medo da "abundância" acabar.
O chefe tem no eixo oposto a Luxúria: Nasce da necessidade de adrenalina. Queremos ser notados e respeitados.
O apaziguador tem no eixo oposto a Indolência: Nasce de nos sentirmos completos. Se estivermos em harmonia com o universo sempre alguém cuidará de nós.
Inicialmente escolhemos uma virtude para conseguirmos ser amados e aceitos. Com a fixação em um modo habitual e até a compulsão no uso, nasceu um lado negativo, vicioso, pelo excesso.
“ Para despir a máscara, é preciso contrariar os hábitos, vícios e paixões que cada tipo de personalidade adquire desde a primeira infância. Algo que não é nada fácil. Mas uma das funções desse estudo é exatamente a de nos dizer qual é o número da caixa onde nos empacotamos para que possamos sair da prisão da mecanicidade e despertar o nosso verdadeiro ser, que é consciente e não mecânico” ( Mário Margutti).
Clark Kent usa sim suas máscaras mas com o mundo exterior. No seu mundo interno ele busca viver seu potencial de modo integrado, em estado de consciência para conseguir viver genuinamente realizado. O entendimento o ajudará a se tornar mais perceptivo, não só sobre ele como sobre as pessoas a sua volta.
E é isso que vamos conhecer ao acompanhá-lo em sua longa jornada...
(texto devidamente registrado e protegido por direitos autorais. Caso queira repassar essa mensagem não altere seu conteúdo e nem deixe de citar minha autoria)
(Imagem pertencente ao filme"Superman Returns" - Warner)